Sérgio Rocha Bueno teve o diploma cassado e foi declarado inelegível por oito anos; empresário Valdenir Dorneles também foi condenado em esquema ligado a apostas eleitorais
A Justiça Eleitoral da 32ª Zona de Palmeira das Missões condenou o vereador eleito Sérgio Rocha Bueno e o empresário Valdenir Bueno Dorneles por participação em um esquema de compra de votos ligado a apostas eleitorais nas eleições de 2024, em Boa Vista das Missões, no norte do RS.
Segundo a sentença, o objetivo era investir em apostas eleitorais de alto valor e, em seguida, garantir a vitória do candidato por meio da compra de votos. O juiz responsável pelo caso classificou a prática como um atentado direto à liberdade de voto e à igualdade entre candidatos.
A sentença
- Sérgio Rocha Bueno teve o diploma cassado, foi declarado inelegível por oito anos e perdeu todos os votos recebidos.
- Valdenir Bueno Dorneles recebeu a mesma penalidade e foi condenado ao pagamento de multa de R$ 53.205,00.
- A decisão determinou também o recalculo dos quocientes eleitoral e partidário, com comunicação à Câmara Municipal para os procedimentos cabíveis.
O juiz destacou que Dorneles teria financiado a campanha de Bueno, investindo mais de R$ 600 mil no esquema e realizando apostas de alto valor. Bueno obteve 438 votos, a maior votação da história do município para o cargo de vereador.
Como funcionava o esquema
De acordo com o Ministério Público Eleitoral, a estratégia era considerada um “plano perfeito”: apostar que um candidato com poucas chances venceria e, em seguida, garantir o resultado por meio da compra de votos. Assim, além de assegurar a eleição, os envolvidos lucrariam com o retorno financeiro das apostas.
A investigação apontou ainda que alguns moradores chegaram a investir altos valores em apostas eleitorais, mas acabaram tendo prejuízos. Um agricultor aposentado relatou ter perdido R$ 60 mil, e outro morador disse ter perdido R$ 300 mil em apostas contra Bueno.
Defesa
A defesa de Sérgio Rocha Bueno afirmou que ele foi eleito de forma legítima, por voto livre e consciente, negando a prática de compra de votos. O advogado anunciou que recorrerá ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS).
Já a defesa de Valdenir Dorneles alegou que ele não era candidato em 2024 e que não poderia figurar como parte da ação, sustentando que a condenação foi baseada em “depoimentos frágeis e contraditórios”. Também foi confirmado que haverá recurso em instâncias superiores.
Próximos passos
Com a decisão, o futuro político de Boa Vista das Missões deve passar por mudanças, já que os votos de Bueno foram anulados. A Câmara Municipal será notificada para a reorganização da composição legislativa.
Fonte: GZH
